sábado, 11 de junho de 2016

IMOLAÇÃO - SACRIFICIO



A IMPORTÂNCIA DO SACRIFÍCIO NA LITURGIA RELIGIOSA AFRO-BRASILEIRA
Imolação de animais consiste em uma prática corriqueira nas religiões
afro-brasileiras.
Basicamente, são imolados animais chamados de “dois pés” (aves como pombas e galináceos) e de “quatro pés” (ovinos, suínos, bovinos e caprinos).

DIREITO LITÚRGICO, DIREITO LEGAL:
Desses animais possui um investimento simbólico e litúrgico imprescindível
para a teogonia e liturgias próprias do contexto religioso afro-brasileiro.
Dado que as religiões afro-brasileiras são religiões de iniciação, e não de conversão, a imolação de animais é parte integrante desse processo e serve também para realizar uma comunicação e troca de benefícios religiosos entre os adeptos e as entidades (serviços e “trabalhos”,oferendas e agradecimentos, etc), sempre obedecendo a regras específicas e sofisticadas, ditadas pela tradição e marcantes nesses rituais. Somado ao transe possessivo, o sacrifício de animais consiste em um dos pilares destas religiões (Goldman, 1984). Não obstante, o sacrifício deve sempre ser reconhecido enquanto um fenômeno social que mobiliza diferentes atores com fins específicos, social e legitimamente construído. As trocas simbólicas advindas desse fenômeno são parte integrante do código de sentido oferecido
por tais religiões para seus adeptos.
Nas imolações realizadas nas religiões afro-brasileiras, o destino mais peculiar da carne do animal consiste na alimentação, que também pode ser percebida como parte do ritual. Não por acaso se utiliza o termo ioruba ebó para se referir ao sacrifício, expressão que pode
ser traduzida por “comida” ou “comer”. A transformação do animal sacrificado em alimento também agrega uma dinâmica maior de solidariedade entre os atores envolvidos no ritual, pois todos podem usufruir o banquete, mesmo que levem um pedaço da carne para casa. Na visão de diversos adeptos, este ato permite que se espalhe o axé (uma espécie de energia, que pode ser traduzida em termos maussonianos de mana) para muitos lugares e entre várias pessoas.
A cozinha é em um lugar sagrado, portanto a entrada e restrita, apenas as Agbas e suas auxiliares tem permissão. Na cozinha e preparado as carnes dos animais sacrificados e os alimentos que irão acompanhar o banquete.
Nesses rituais, existem animais específicos para serem imolados para orixás específicos e por motivos específicos. Até hoje, são rituais marcados por uma aura de mistério, pois dificilmente um terreiro os realiza de forma pública, e aqueles que eventualmente assim o fazem, raramente deixam não iniciados presenciarem todos os eventos do ritual.
O sangue (Ejé) é um elemento crucial e a ele são atribuídos diversos sentidos. Quanto mais sangue, mais sagrado é o ritual, e existem diversos rituais de iniciação, até o ritual final de “aprontamento”. O bori é um dos primeiros. Este presenciado, em particular, permitiria que os filhos-de-santo se “purificassem” o suficiente para começar a “trabalhar” no terreiro, , Goiânia, v. 5, n. 1, p. 129-147, jan./jun. 2007 132 incorporados de suas entidades. Seus corpos e sua mente estariam prontos para “trabalho” tão sagrado: o volume de sangue e outros materiais presentes no sacrifício é expressivo; desta forma, os deuses são constrangidos, obrigatoriamente, a responder ao apelo feito pelos homens, a estabelecer a referida relação de comunicação. Os deuses são ‘forçados a comer... é a sua carne’, ou seja, é a parte que lhes cabe neste repasto divino/ profano (ÁVILA, 2006, p. 22). Tal aspecto estabelece, inclusive, uma dinâmica de dádiva entre deuses e humanos (MAUSS, 1988).
Agamben (2002), claramente inspirado em Dürkheim, apontou para a “teoria da ambigüidade e da ambivalência do sacro”. No respeito religioso existe algo de horror e de temor, e o próprio sagrado pode se referir a coisas fastas e a coisas nefastas, e ele próprio oscila entre estas duas categorias: “a vida insacrificável e, todavia, matável, é a vida sacra” (AGAMBEN, 2002, p. 91). Assim, a vida animal em si não é sagrada. Por mais que alguns discursos proclamem que o animal é sagrado porque já se encontrava em ligação com os deuses ou coisa que o valha, o que é sagrado de fato é o ritual que dispõe desta vida animal. O que investe o animal de sacralidade é o ritual. Sua carne só adquire mana (ou axé), por causa dele, do contrário qualquer carne animal seria sagrada. A vida insacrificável é a do ser humano. Esta sim é matável, já que sacrificar é absolutamente diferente de matar. Os investimentos simbólicos atribuídos a ambas as ações são de naturezas distintas. Por isso, direito e sacrifício correspondem a instâncias de difícil aproximação. Nos rituais de sacrifício afro-religiosos, a vítima animal tem a clara função de servir como mediadora entre o mundo daqui e o mundo espiritual, ou seja, cumprindo uma função sagrada. Sem embargo, sagrados são também o sacerdote sacrificador, o lugar do sacrifício e os instrumentos utilizados para este fim. Não por acaso, no discurso de diversos religiosos afro-gaúchos, o sacrifício não é tomado como tal, mas sim como uma sacralização (ÁVILA, 2006), mesmo porque estas pessoas devem conceber instrumentos simbólicos e discursivos para lidar com o preconceito e com a perseguição social a seus credos e liturgias, percebidos em rótulos que recebem do tipo “sacrificadores de animais”.

A Constituição da Brasileira garante a liberdade religiosa como direito e garantia fundamental, positivando o principio em seu art. 5º, VI. O texto constitucional também protege a manifestação da cultura afro-brasileira, indígena e popular no art. 215 §1º. Por outro lado, a Carta Magna protege a fauna e a flora vedando às práticas que submetam os animais a crueldade (art. 225 §1,VII). Então devemos estar atentos aos nos direitos e deveres.
 No Candomblé não tiramos uma vida simplesmente, a imolação e um ato sagrado e um sacrifício (sacro-oficio), através da imolação alimentamos a energia dos Orisas e de nossos Ancestrais, aliviamos assim o nosso carma e o Axé contido na carne nos alimenta, a nossos irmãos e amigos.
Na iniciação deixamos para trás através de rituais e Ebòs nossa vida mundana cheia de cobranças e defeitos e renascemos para o Sagrado e puro, por isso a imolação e necessária para termos essa energia pura dos animais em troca da nossa morte. Não há iniciação sem a Imolação!
Referências:

AGAMBEN, G. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2002. AGAMBEN, G. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2005. ANDREW, N. Review of the literature on the “state of exception” and the application of this concept to contemporary politics. Disponível em: . Indexado em: 03.03.2005. Acesso em: 23 nov. 2006. ARENDT, H. Entre o futuro e o passado. São Paulo: Perspectiva, 2000. ÁVILA, C. A. de. Apanijé (nós matamos para comer): uma análise sobre o sacrifício de animais nas religiões afro-brasileiras. TCC (Monografia do Bacharelado em Ciências Sociais) – Departamento de Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2006. DERRIDA, J. Fuerza de ley: el fundamento místico de la autoridad. Madrid: Tecnos, 1997. DURKHEIM, É. O suicídio: estudo sociológico. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1982.



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