segunda-feira, 29 de julho de 2024

O Legado das Estrelas - continuação ll





Continuação:

...Durante um ritual de Candomblé, Lúcia experimenta
uma intensa revelação espiritual. Os Orixás, representados em danças e cânticos, a conduzem a um estado de introspecção profunda, onde ela entende a importância de honrar e seguir o caminho espiritual traçado por seus ancestrais. Pai Zé a guia através de uma cerimônia onde ela faz oferendas e agradece pelos ensinamentos recebidos.


A noite do ritual começou com um crepúsculo sereno que envolvia o terreiro Ilé Axé Omin Axé. As estrelas brilhavam intensamente, e a lua cheia lançava um brilho prateado sobre o espaço sagrado. Lúcia, vestida com trajes brancos tradicionais, sentia uma mistura de ansiedade e excitação. Ela sabia que a cerimônia daquela noite seria um momento decisivo em sua jornada espiritual.


Pai Zé, vestido com suas roupas cerimoniais, deu início ao ritual com um toque profundo de tambor, sinalizando o começo das celebrações. Os sons rítmicos ressoavam pelo terreiro, criando uma atmosfera carregada de energia espiritual. Lúcia observava enquanto os membros do terreiro dançavam, cada movimento uma homenagem aos Orixás. As danças eram uma linguagem ancestral, uma forma de conexão direta com o divino.


Quando chegou a sua vez, Lúcia foi conduzida ao centro do terreiro por Pai Zé. Ao som dos cânticos e dos tambores, ela sentiu uma presença avassaladora, como se estivesse sendo observada e guiada pelos próprios Orixás. Cada passo que dava, cada movimento, parecia carregado de um significado mais profundo.


Os Orixás, representados pelos dançarinos, cercaram Lúcia, cada um trazendo uma energia única. Ogum, o guerreiro, emanava força e determinação; Oxum, a deusa das águas doces, irradiava amor e beleza; Iansã, a senhora dos ventos e tempestades, trazia poder e transformação. Lúcia sentia a essência de cada Orixá penetrar sua alma, abrindo-a para uma compreensão mais profunda de seu próprio espírito.


Pai Zé se aproximou, segurando um prato cheio de oferendas. "Lúcia," disse ele com uma voz calma e firme, "esta é a sua oportunidade de honrar os Orixás e seus ancestrais. Faça suas oferendas e expresse sua gratidão pelos ensinamentos e proteção que recebeu."


Lúcia pegou as oferendas — frutas, flores, e outros itens sagrados — e, uma a uma, depositou-as no altar diante dela. Com cada oferenda, ela murmurava palavras de gratidão e pedidos de bênçãos. "Ogum, obrigado por me dar força. Oxum, agradeço pelo amor que me envolve. Iansã, sou grata pela coragem e transformação que trouxeste à minha vida."


Ao completar as oferendas, Lúcia sentiu uma onda de paz e realização. Pai Zé começou a recitar cânticos sagrados, e os tambores tocaram com mais intensidade. Os Orixás, representados pelos dançarinos, dançaram ao redor de Lúcia, envolvendo-a em um círculo de proteção e energia divina.


De repente, Lúcia foi tomada por uma visão. Ela se viu em um campo vasto e iluminado, onde seus ancestrais a esperavam. Maria da Graça, Joaquim, Isabel — todos estavam lá, sorrindo para ela com orgulho e amor. Sua avó Isabel se aproximou e disse: "Lúcia, você encontrou seu caminho. Continue a honrar nossos ensinamentos e siga o caminho do Candomblé. Estamos sempre com você."


A visão começou a se desvanecer, e Lúcia voltou ao presente, ainda cercada pelos cânticos e danças dos Orixás. Ela abriu os olhos, sentindo-se renovada e fortalecida. Pai Zé sorriu para ela, reconhecendo a transformação que ocorrera.


Com a cerimônia chegando ao fim, Lúcia sentiu uma profunda conexão com os Orixás, seus ancestrais e sua própria espiritualidade. Ela sabia que tinha um papel importante a desempenhar na preservação e transmissão das tradições de sua família e do Candomblé. A partir daquele momento, Lúcia se comprometeu a continuar seu caminho com determinação e amor, honrando o legado de seus ancestrais e guiando as futuras gerações.


E assim, sob a luz das estrelas e com os Orixás ao seu lado, Lúcia caminhou de volta para sua nova vida, sabendo que estava exatamente onde deveria estar, iluminando o caminho para as próximas gerações com sabedoria e graça.


Lúcia, agora oficialmente uma Abian — um membro novato do terreiro que está iniciando sua jornada espiritual no Candomblé — começou a frequentar regularmente as funções no Ilé Axé Omin Axé. As manhãs no terreiro eram sempre cheias de atividade e propósito, e Lúcia estava ansiosa para se envolver em cada aspecto dessa nova vida.

Certa manhã, Lúcia chegou cedo ao terreiro, vestida com suas roupas brancas simples, símbolo de pureza e dedicação. O sol mal havia nascido, mas o terreiro já estava vibrando com a energia de preparação para as cerimônias do dia. O cheiro de ervas frescas, incenso e flores preenchia o ar, criando uma atmosfera de serenidade e reverência.


Ya Marta, Yakekere (mãe pequena) do terreiro e uma guia paciente e atenciosa para Lúcia, a recebeu com um sorriso acolhedor. "Bom dia, Lúcia. Está pronta para mais um dia de aprendizado?" perguntou ela.


"Sim, YA Marta. Estou pronta para ajudar no que for necessário," respondeu Lúcia com entusiasmo.


O primeiro trabalho de Lúcia foi ajudar na limpeza e preparação do espaço sagrado. Junto com outros Abians, ela varreu o chão de terra batida, limpou os altares e arrumou as oferendas. Cada ação era realizada com cuidado e respeito, e Lúcia sentia uma profunda conexão com cada detalhe do trabalho.


Enquanto trabalhava, Lúcia ouvia as histórias e ensinamentos de Ya Marta e dos outros membros mais experientes. "Lembre-se, Lúcia," disse Ya Marta enquanto colocava flores frescas no altar de Oxum, "cada movimento que fazemos aqui, cada tarefa que realizamos, é uma forma de mostrar nossa devoção e respeito pelos Orixás. Nossa dedicação se reflete em tudo o que fazemos."


Após a limpeza, Lúcia ajudou na preparação das oferendas. Ela lavou frutas, cortou e arrumou delicadamente em cestas. Sob a supervisão de Ya Marta, ela aprendeu a importância de cada tipo de oferenda e seu significado espiritual. "Estas frutas são para Oxum," explicou Ya Marta. "Elas representam doçura e prosperidade. Devemos oferecer o melhor que temos, com amor e gratidão."


Quando a hora da cerimônia se aproximou, Lúcia ajudou a vestir os filhos e filhas de santo. Ela passou cuidadosamente contas e adornos, cada um simbolizando a conexão com um Orixá específico. A preparação era minuciosa, e Lúcia sentia uma grande responsabilidade em garantir que tudo estivesse perfeito.


A cerimônia começou com o toque dos atabaques, os tambores sagrados, que reverberavam pelo terreiro, chamando os Orixás a se manifestarem. Lúcia, junto com outros Abians, formou um círculo ao redor do barracão, cantando e dançando em homenagem aos Orixás. A energia coletiva era palpável, e Lúcia sentia-se envolta em um manto de espiritualidade e comunidade.


Durante a cerimônia, Lúcia observava atentamente os movimentos dos mais velhos, aprendendo com cada gesto e palavra. Ela sabia que seu papel como Abian era fundamental para a manutenção do terreiro, e cada tarefa que realizava a aproximava mais de sua própria espiritualidade e de sua conexão com os Orixás.


Ao final da cerimônia, enquanto ajudava a recolher as oferendas e limpar o espaço sagrado, Lúcia sentiu uma profunda satisfação. Ela sabia que ainda tinha muito a aprender, mas cada dia no terreiro era um passo importante em sua jornada espiritual. Ela estava determinada a honrar o legado de seus ancestrais e a encontrar seu próprio caminho dentro do Candomblé.


Ya Marta se aproximou de Lúcia e colocou uma mão gentil em seu ombro. "Você está se saindo muito bem, Lúcia. Lembre-se, o caminho é longo, mas você está no lugar certo, fazendo a coisa certa. Continue assim, e os Orixás sempre a guiarão."


Com essas palavras de encorajamento ecoando em sua mente, Lúcia sorriu e continuou seu trabalho, sentindo-se mais conectada e comprometida com cada dia que passava. Ela sabia que sua jornada como Abian era apenas o começo, e estava pronta para abraçar cada desafio e bênção que o futuro lhe reservava.

Continua...

Ò dábò!

JOGO DE BÚZIOS;
LIGUE AGORA E AGENDE UMA CONSULTA!!
sigilo absoluto!!
Babalorixa Ricardo de Laalu.
F: 05511-96787.9019 - Whattsapp

O Orí, a saúde e as doenças dos(as) filhos(as) de santo

  As religiosidades de matriz africana, especialmente no candomblé, desempenham um papel crucial na concepção de saúde integral que inclui a...