segunda-feira, 15 de julho de 2024

O Legado das Estrelas - continuação l

 

 






Continuação:

 ...Após a primeira etapa de sua jornada, Lúcia se encontra em uma clareira de uma floresta densa e misteriosa. A brisa suave que balança as folhas das árvores carrega consigo um sussurro etéreo, e a luz da lua filtra-se por entre os galhos, criando padrões de luz e sombra que dançam no chão. Sentindo uma estranha sensação de tranquilidade e reverência, Lúcia fecha os olhos, deixando-se levar pelo ambiente encantador e ancestral que a rodeia.

- De repente, a visão começa a se formar diante dela. A neblina suave no ar se transforma em uma tela etérea, e figuras familiares emergem das brumas — são seus ancestrais, surgindo em um desfile silencioso de momentos históricos e emocionantes.

A primeira imagem revela uma jovem mulher com um vestido simples, segurando uma vela enquanto caminha por um campo alagado. Seu rosto é de uma beleza serena e determinada. É a bisavó de Lúcia, Maria da Graça, que, no início do século XX, lutou para garantir a continuidade das tradições e das histórias da família em um tempo de opressão e discriminação.

A visão se desloca para um homem de rosto cansado, mas determinado, trabalhando na plantação de café sob o sol implacável. É o avô de Lúcia, Joaquim, que, durante a era da colonização, enfrentou o árduo trabalho forçado nos campos, mantendo, mesmo sob condições severas, a esperança e a dignidade.

A imagem seguinte mostra uma mulher de pele escura e olhos sábios, envolta em um manto azul profundo, que recita um cântico com um grupo ao seu redor. É a avó de Lúcia, Isabel, uma mulher forte que ajudou a fundar um dos primeiros terreiros de Candomblé na comunidade. Ela lidera um ritual com graça e poder, transmitindo o conhecimento ancestral e o amor pelas tradições espirituais.

Cada cena é acompanhada por uma sensação de luta e triunfo, uma contínua luta por identidade e espiritualidade que atravessa gerações. O desfile de imagens avança, mostrando a transmissão de ensinamentos e a resistência diante das adversidades.

Finalmente, a visão se foca em uma figura calorosa e carinhosa — a avó de Lúcia, mas não na sua forma física. Ela aparece em uma presença luminosa e envolvente, irradiando uma luz suave que ilumina a escuridão ao redor.

- A avó de Lúcia, com uma voz que ecoa como um suspiro no vento, fala com um tom de sabedoria profunda e ternura:

“Lúcia, minha amada, o que procuras está no caminho que você está evitando. O legado dos nossos ancestrais não está apenas nas memórias que guardamos, mas nas trilhas que escolhemos percorrer. Cada um de nós enfrentou desafios, encontrou triunfos e seguiu um caminho destinado a nos conduzir à verdade.”

Ela pausa, e a tela etérea mostra uma imagem do terreiro de Candomblé que Isabel havia fundado. A visão revela a beleza e a sacralidade do espaço, com suas paredes adornadas por imagens de orixás e altares cheios de oferendas, rodeados por uma energia vibrante e acolhedora.

“Há um lugar onde o equilíbrio espiritual espera por você,” continua a avó, com um tom de revelação. “O Terreiro de Iansã, o lugar onde o Espírito da Terra se manifesta e as tradições dos nossos antecessores vivem. Lá, você encontrará a sabedoria que procura e o caminho para o verdadeiro equilíbrio. Não tema o que está diante de você, pois é através da compreensão dos desafios e triunfos passados que você encontrará seu próprio caminho.”

Com essas palavras, a visão começa a se dissipar, e a presença luminosa da avó lentamente se dissolve na névoa da floresta. A cena se encerra com a imagem do terreiro de Candomblé, agora imersa em uma luz dourada que reflete a promessa de uma jornada de descoberta e renovação espiritual.

Determinada a seguir a orientação de sua avó, Lúcia embarca na busca pelo Terreiro de Iansã. Ela retorna à cidade com um novo propósito, decidida a encontrar o terreiro que Isabel havia fundado.

Após dias de pesquisa e conversas com pessoas da comunidade, Lúcia descobre que o Terreiro de Iansã, atualmente conhecido como Ilé Axé Omin Axé, está localizado em um bairro tradicional de São Paulo. Com o coração acelerado, ela se dirige ao local, ansiosa para descobrir o que o destino lhe reserva.

Ao chegar, Lúcia é recebida por um ambiente acolhedor e vibrante. O terreiro é um espaço sagrado, cheio de energia e história. Ela é recebida por Pai Zé, o líder espiritual do terreiro, um homem de meia-idade com um olhar profundo e uma presença serena.

"Seja bem-vinda, Lúcia," diz Pai Zé, como se já soubesse da sua chegada. "Sua avó Isabel falou muito de você. Sabíamos que um dia você viria."

Lúcia sente uma mistura de surpresa e gratidão. Ela conta a Pai Zé sobre suas visões e o chamado de sua avó. O sacerdote sorri e a convida a se juntar à comunidade.

Nas semanas seguintes, Lúcia se envolve profundamente com as atividades do terreiro. Ela aprende sobre os orixás, participa dos rituais e sente a energia poderosa do lugar. Cada cerimônia a conecta mais com suas raízes e com a espiritualidade de seus ancestrais.

Em uma noite especial, durante um ritual em homenagem a Iansã, Lúcia tem uma experiência transformadora. Enquanto dança ao som dos tambores, sente uma presença ao seu lado. É Isabel, sua avó, que aparece em espírito para guiá-la.

"Lúcia," diz Isabel com uma voz suave, "você encontrou o caminho que estava evitando. Agora, abrace seu destino com coragem e amor. O Terreiro de Iansã será seu lar espiritual, onde você continuará o legado de nossa família."

Com lágrimas nos olhos e o coração cheio de gratidão, Lúcia aceita seu papel. Ela compreende que sua jornada é mais do que uma busca pessoal; é uma continuação da história de sua família, uma homenagem aos seus ancestrais e um compromisso com o futuro.

A partir daquele momento, Lúcia dedica sua vida ao Terreiro de Iansã, tornando-se uma líder espiritual e uma guardiã das tradições de sua família. E, sob a luz das estrelas, ela sabe que está exatamente onde deveria estar, honrando seu legado e iluminando o caminho para as próximas gerações.

Ao chegar ao terreiro Ilé Axé Omin Axé, Lúcia sente uma onda de paz e familiaridade. A fachada modesta esconde um ambiente rico em cultura e espiritualidade. Ela é recebida por uma mulher chamada Dona Marta, que a conduz até Pai Zé. O sacerdote, um homem de meia-idade com olhos profundos e um sorriso caloroso, a cumprimenta com um abraço acolhedor.

"Seja bem-vinda, Lúcia. Já estávamos esperando por você," diz Pai Zé com um tom gentil, como se soubesse dos eventos que a trouxeram até ali.

Lúcia compartilha sua visão com Pai Zé, descrevendo a mensagem de sua avó e as imagens dos ancestrais. Pai Zé ouve atentamente, assentindo de vez em quando. Quando ela termina, ele diz: "Sua avó era uma mulher sábia. O caminho que você estava evitando é, de fato, o caminho de seus ancestrais. O Candomblé é parte de sua herança, e aqui você encontrará as respostas que procura."

Nos dias seguintes, Lúcia se envolve profundamente nas atividades do terreiro. Ela participa das cerimônias e rituais, aprendendo sobre os orixás e a importância da conexão com a natureza e os ancestrais. A cada canto e dança, Lúcia sente-se mais conectada a algo maior.

Durante uma cerimônia especial em homenagem a Oxum, a orixá da água doce e do amor, Lúcia tem outra visão. Ela vê uma jovem mulher, vestida com trajes tradicionais, dançando graciosamente. A mulher, que parece ser sua avó em sua juventude, fala diretamente a Lúcia: "Você encontrou o lugar certo. Agora, precisa entender a si mesma para compreender seu verdadeiro destino."

Determinada a seguir essa nova orientação, Lúcia se dedica a aprender tudo o que pode sobre os orixás e as tradições do Candomblé. Ela começa a frequentar as aulas de Pai Zé, que ensina sobre os rituais e a importância do equilíbrio e da harmonia com a natureza e o próprio espírito.

Certo dia, Pai Zé leva Lúcia a um local sagrado nas proximidades do terreiro, um pequeno lago cercado por árvores centenárias. "Este é um lugar de grande poder espiritual," diz ele. "Aqui, muitos vêm para meditar e buscar orientação dos orixás."

Lúcia senta-se à beira do lago e fecha os olhos. Ela sente a brisa suave e o som tranquilizador da água. Enquanto medita, uma sensação de paz profunda a envolve. Em sua mente, as imagens de seus ancestrais retornam, mas desta vez, ela vê não apenas os desafios e triunfos, mas também a resiliência e a força que herdou deles.

Ao abrir os olhos, Lúcia percebe que encontrou o equilíbrio espiritual que tanto procurava. Ela compreende que seu verdadeiro legado não está apenas nas histórias do passado, mas também na forma como escolhe viver sua própria vida, honrando suas raízes e abraçando seu destino.

Retornando ao terreiro, Lúcia é recebida com sorrisos e abraços. Ela sabe que encontrou uma nova família e um novo propósito. E, enquanto o sol se põe no horizonte, ela sente uma conexão profunda com as estrelas, sabendo que seu caminho está finalmente iluminado.

Com o tempo, Lúcia se torna uma figura central no terreiro Ilé Axé Omin Axé. Sob a orientação de Pai Zé, ela aprende não apenas sobre os rituais e a espiritualidade do Candomblé, mas também sobre liderança e compaixão. Ela começa a ajudar a guiar novos iniciados, transmitindo o conhecimento e a sabedoria que adquiriu.

Uma noite, durante uma cerimônia em homenagem a Iansã, a orixá dos ventos e tempestades, Lúcia tem uma revelação. Enquanto dança e canta, ela sente a presença de Iansã ao seu lado. A orixá sussurra em seu ouvido: "Você está destinada a grandes coisas, Lúcia. Use sua força e sabedoria para guiar e proteger aqueles que buscam a luz."

Inspirada por essa mensagem, Lúcia decide expandir o trabalho do terreiro. Ela organiza eventos comunitários, oferecendo aulas e workshops sobre a cultura e as tradições do Candomblé. Ela também começa a trabalhar com jovens da comunidade, ajudando-os a encontrar seu próprio caminho espiritual e a se reconectar com suas raízes.

Lúcia percebe que sua jornada não é apenas sobre descobrir seu próprio destino, mas também sobre ajudar outros a descobrir o deles. Com cada passo que dá, ela honra o legado de seus ancestrais e constrói um futuro cheio de esperança e espiritualidade.

E assim, sob a luz das estrelas e com o espírito de seus ancestrais ao seu lado, Lúcia continua sua jornada, sabendo que está exatamente onde deveria estar, iluminando o caminho para as próximas.

Continua...


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