O Pano de Cabeça do Candomblé – Gèlé!
“Gele” ou “Gèlé” é uma palavra Yorùbá para um envoltório
usado na cabeça das mulheres, ou seja, uma espécies de indumentária feminina.
As mulheres Yorùbá são conhecidas por usá-los incrivelmente bem encaixadas,
fixadas em suas cabeças, e apesar de ser apenas um apetrecho, pode ser
encontrado em quase todas as culturas Africana.
No Candomblé o Gele ou torço,
ele ganhou quase que um culto e até mesmo itan para justificá-los?
Gèlé é mais do que apenas uma cabeça coberta, é uma forma
de arte. Um grande pano retangular amarrado em na cabeça da mulher em uma
variedade de modas, cores e estampas. O material usado para fazer o Gèlé é
geralmente duro, mas flexível, por exemplo, Aso-oke (o verdadeiro feito em tear
e de seda), Brocado (algodão) e Damasco. Estes materiais vêm em uma ampla
variedade de cores, padrões e texturas. Quanto maior o pano (e maior a
habilidade) mais elaborado aparenta e até confere certo status. É quando a
mulher negra se torna a rainha em toda sua plenitude e beleza!
Amarrando um Gèlé
Amarrar um Gèlé é uma forma de arte que requer prática,
paciência e muitas vezes um braço bem tonificado, mas uma vez amarrado, um Gèlé
pode fazer qualquer mulher aparentar um certa realeza, um ar de supremacia
estética. É uma bela coroa de glória e honra, e hoje eles vêm em cores
surpreendentes, padrões e desenhos. Para eventos glamourosos, como casamentos,
aniversários, batismo, inaugurações ou até mesmo funerais – aparência de uma
mulher é muitas vezes considerada incompleta sem um.
Dentro do Candomblé eles quase que tem uma amarração
padrão, porém, estou começando a ver algumas Iyás usando de maneira mais
glamourosa, sem deixar a essência religiosa e respeitosa se perder.
QUEM PODE USAR: A
utilização do Pano de Cabeça é restrita às mulheres (. O pano de cabeça, poderá
ser utilizado por homens, em obrigações internas em que o mesmo está “recebendo
asè, como por exemplo, Bori”);
ABAS: As abas do Pano de
Cabeça, estão relacionadas ao Òrìsà da filha de Santo e a sua idade de santo
(se seu Òrìsà for Oboro – masculino, você não poderá usar duas abas, sendo que
essa ficou para as filhas de santo, que possuem Òrìsàs Ayabas – femininos);
ALTURA DO PANO: Deve-se
ter discernimento ao usar o Pano de Cabeças. O pano de Cabeças não é turbante
com diversas voltas e de altura desmedida; Seu pano de cabeça também não pode
ser maior do que o da sua Ìyálòrìsà;
A arte de amarrar um Gèlé ou Torço é como qualquer outra
arte, o seu sucesso depende da criatividade e maestria. Um pano de cabeça, como
é chamado aqui no Brasil, no Candomblé e Umbanda, quando devidamente amarrado, pode
ser como uma coroa, porém, ao contrário, se feito de forma errada pode se
tornar um desastre total. Imagine no alto de sua beleza, ele se desfazer no
meio do salão? Não seria bom!!!!
Cada Gele é único e não existe uma fórmula verdadeira
para alcançar a aparência exata duas vezes. Se você der uma olhada mais de
perto, você verá que não há dois Gèlé(s) –Àwon Gèlé – (uma vez amarrados) iguais. O povo Yorùbá,
absolutamente ama Gèlé porque não só eles são amarrados em vários estilos, mas
eles são um aspecto da cultura que fazem as mulheres se sentir bonita e são em
verdade, não importa a ocasião. O estilo das cores do Gèlé pode ser um reflexo
do seu estado de espírito, o estilo ou personalidade.
Porque homens não podem usar pano de cabeça?
Em tempos antigos,
escravos homens usavam pano de cabeça simples para carregar peso. Este pano era
símbolo de escravidão. Porém, devemos lembrar que aqui falo do pano de cabeça no
que tange a Nigéria, pois em outras culturas, existem panos de cabeça, mas para
proteção contra o Sol, principalmente em zonas desérticas e muito áridas.
Ò dábò!
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Babalorixa Ricardo de Laalu.
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