Elegun (em Yorubá Elégùn) é a palavra que exprime o conceito dos "iniciados" nas religiões tradicionais africanas e de matriz africana ou de afro-descendentes, inerente ao culto do Orixá. No Brasil é chamado de Candomblé. É aquele que passou pela iniciação, Feitura de santo ou iniciação.
Todo elegun é um olóòrìsà (aquele que possui um orixá), que habita no seu interior e pode ser expressado em qualquer hora e lugar. No Brasil a palavra que define um iniciado é adósùu (aquele que levou o osù "oxu"), comumente chamado de Yiawo,
OSÙU é o nome dado à um cone feito de elementos próprios que compõem o ÀSE, que é transferido ao ORÍ do iniciado ou seja o ÌYÀWÓ.O OSÙU é composto de algumas substâncias in-natura, outras secas, sendo que devemos seguir a tradição do nosso Àse para que possamos ter todos os ingredientes necessários e”CORRETOS”, como também para misturá-los. Ele serve de veículo para transmitir o Àse do ÒRÌSÀ a ser consagrado no futuro iniciado seja um Omo (Yiawo), Ogan ou Ekedi.O OSÙU é formado por elementos essenciais de Transmissão e de Veiculação de ÀSE, mas não somente carrega o ÀSE, mas também a individualização de cada ÒRÌSÀ; sendo assim há uma EXPRESSIVA DIFERENÇA entre os OSÙU. Cada qual leva suas substâncias distintas e específicas, ou seja, “um diferente do outro”.O OSÙU deve ser consagrado ritualisticamente em um ODO (almofariz-pilão) devidamente preparado para este tipo de cerimônia. O almofariz, onde os elementos sagrados são triturados é considerado um objeto sagrado.. Simboliza as duas forças fundamentais: o almofariz representa o pólo feminino, enquanto a mão do pilão representa o pólo masculino.O que se obtém deles é o terceiro elemento: “O elemento criado, o elemento procriado”. É a preparação Ritualística de uma base apta a receber o ÒRÌSÀELÉÈDÁ quando ELE manifestar-se no iniciado.
Odósùu: “AQUELE QUE CARREGA O OSÙU” ou“O PORTADOR DO OSÙU”ou “CABEÇA QUE LEVOU O OSÙU”.
O iniciando passa por ritos complexos, de isolamento e
segregação, de silêncio absoluto, de tonsura ritual, de sacrifícios de animais,
de oferendas de alimentos, de pequenos cortes (cura) para inserção de pós
mágicos em seu corpo, ficando recolhido em um pequeno cômodo chamado de Roncó
simbolizando uma volta ao útero da Mãe Terra, de onde renascerá, não um homem
comum, mas o instrumento de um Orisá, que por sua boca e seu corpo falará e se
manifestará, aumentando assim seu conhecimento.A pena vermelha, chamada ekodide, que o elegun carrega em sua cabeça, simboliza realeza, honra, status
adquirido pelo fato de ele ter se iniciado para ser um novo sacerdote dedicado
ao culto daquele Orixá. As
pinturas em cor branca, azul e vermelha, feitas a partir de substâncias vegetais
e minerais.
O bom não é suficiente, só o melhor é dado para o Orixá. Por muitos dias o
neófito irá carregar consigo um colar especial de sagração no pescoço, chamado
de Kelê
(usado na iniciação no Brasil)
simbolizando seu amor, devoção e sujeição ao Orixá.Cumprirá resguardo sexual,
porque esta energia não pode ser desperdiçada, toda sua força energética deve
estar centrada em Orixá. Comerá comidas especiais comida ritual, dormirá no
chão, em uma esteira, aprenderá com os mais velhos as orações e cânticos de seu
Orixá. É um tempo de amor, dedicação e aprendizado, um reaprender a viver, uma
inserção do sagrado no cotidiano, uma experiência que não pode ser descrita,
mas sim vivida.
Feitura de santo é um termo
usado nos terreiros de candomblé,
que significa a iniciação de alguém no culto aos orixás.
A iniciação é um rito
de passagem, uma morte simbólica que transforma um homem comum em um instrumento
do Orisá, em um"elegun".
ìyàwó
A palavra ìyàwó possui sua origem numa história conectada com Òrúnmìlà e sua viagem a cidade de Ìwó, e que ora relato:
“Um certo dia, Òrúnmìlà desejou se personificar em um ser humano. Vestiu-se com folhas de bananeira como se fosse um maltrapilho e se dirigiu à cidade de Ìwó. Ali viu Oba em toda sua imponência, com seus assistentes e chefes, pois era época de festa anual. Sentou-se em frente a casa do Oba e se serviu das sobras de comida que jogavam fora. Ao ver isso, o Oba o entendeu como um estranho e ordenou que servissem um prato de comida para ele. Mais tarde, Òrúnmìlà disse ao Oba que queria dormir um pouco. A fim de se livrar do estranho maltrapilho, o Oba ordenou a seus servidores que preparassem um lugar para ele, com toda a roupa de cama salpicada com fiapos e sementes de uma certa planta que provocava comichão. Òrúnmìlà dormiu sobre isto e, quando acordou sentiu uma coceira pelo corpo, correu para o rio para se banhar. De manhã cedo, foi até Oba e disse a ele que tinha tido um bom sono. Em seguida, jogou Òpèlè, o rosário divinatório para Oba, e fez previsão para ele, dizendo que teria um reinado longo e próspero. Novamente, Òrúnmìlà continuou com seu comportamento estranho, comendo sobras de comida, mas predizendo para as pessoas. No seu terceiro dia em Ìwó, a filha do Oba começou a gostar de Òrúnmìlà, e decidiu se casar com ele. Todos ficaram horrorizados, uma princesa se casar com o estranho maltrapilho. Mas ela insistiu e o Oba teve de concordar, dividindo seus bens com Òrúnmìlà, em forma de dote. Òrúnmìlà, então, foi viver fora da cidade com a princesa. Ficou dono de muitos bens, passou a ter assistentes e muitos cavalos, devido aos presentes que recebeu de Oba.
Assim, quando as pessoas perguntavam quem era sua esposa, Òrúnmìlà respondia que era uma humilhação que sofreu em Ìwó. Ìyà significa humilhação, e Ìwó, o nome da cidade onde sofreu humilhação. As duas palavras formam Ìya Ìwó, e que veio a se tornar Ìyàwó. Desse momento em diante, os yorubá se referiam a noiva de Òrúnmìlà como Ìyàwó, que, assim passou a ser a palavra que define uma ESPOSA.”
Assim, quando as pessoas perguntavam quem era sua esposa, Òrúnmìlà respondia que era uma humilhação que sofreu em Ìwó. Ìyà significa humilhação, e Ìwó, o nome da cidade onde sofreu humilhação. As duas palavras formam Ìya Ìwó, e que veio a se tornar Ìyàwó. Desse momento em diante, os yorubá se referiam a noiva de Òrúnmìlà como Ìyàwó, que, assim passou a ser a palavra que define uma ESPOSA.”
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