"O trono ou a cadeira do Sacerdote (que se confunde com
a cadeira de seu Orixá), é símbolo máximo de poder no Candomblé.
Mais que isso, símbolo sagrado, diante do qual os filhos se
prostram, em cumprimento e respeito. Um Pai ou Mãe-de-santo, quando é
confirmado no cargo, é sentado na cadeira, como os reis e rainhas.
A cadeira é o trono do terreiro, de onde a Mãe ou o Pai-de-santo
governam com poderes absolutos. Depois da cadeira da Yalorixá, existe as
cadeiras dos Oloiês, os Egbomis
(Iniciado senios) que têm cargo no terreiro.
A confirmação de qualquer um desses cargos se faz numa
cerimônia pública em que o novo Oloiê é sentado em sua cadeira, sob aplausos
dos presentes. Assim, sentam-se os Ogãs, as Ekedis e outras autoridades.
É frequente, no caso de cargos de não-rodantes, o novo dono
de cadeira ser conduzido à esta pelo Orixá (incorporado em transe) a quem ele
deve servir. Quando alguém vai ser confirmado num cargo, faz parte do enxoval,
uma cadeira, na qual terá o direito de sempre se sentar no barracão.
Não é incomum ganhar a cadeira de presente de amigos e
irmãos-de-santo.
A cadeira de cada um, é individual em tudo, de modo que nos
terreiros pode coexistir uma profusão de cadeiras de todas as formas, materiais
e acabamentos. Como o espaço do Barracão é essencial para as danças, muitos
terreiros preferem recolher as cadeiras de cargo e manter apenas algumas delas,
para que os Egbomis possam se sentar.
Somente o Babaloriri/Yalorixa e seus auxiliares de grau
Sênior têm cadeira e podem se sentar. Os yawós (juniores) e os abiãs
(aspirantes), sentam-se no chão ou em esteiras. Sentar-se em cadeira é sinal de
hierarquia, alta dignidade, obrigações cumpridas.
Os Orixás de Egbomis também se sentam em cadeiras, mas os
Orixás dos que estão nos pontos iniciais da carreira sacerdotal sentam-se em
banquinhos. A cadeira marca a diferença de tempo de iniciação, de tempo de
santo, tanto para os humanos quanto para os deuses.
Esse costume vem da África, onde somente os reis e membros
da alta corte podiam se sentar em cadeiras e bancos. O assento do rei deveria
ser mais alto do que os dos demais, como se observa até hoje no Candomblé.
Mas seu uso é mais generalizado, podendo ser observado como
prática que vai desde os povos mais antigos até, instituições do mundo
ocidental moderno.
O professor da antiga Universidade dispunha de sua cadeira,
sua cátedra, em latim, daí o nome de professor catedrático, o dono da cátedra.
Da cátedra ele ditava sua sabedoria, daí se dizer que “falava de cátedra, de
cadeira". Até hoje se conserva esse costume com relação ao Papa: diz-se
que o Papa fala de cátedra, da cátedra de São Pedro, e portanto o que ele diz e
escreve é verdade que não pode ser contestada.
Com a morte desses donos do poder, abre-se a disputa pela
cadeira, o cargo deve ser preenchido. Cada instituição tem seu modo próprio de
fazer a sucessão. No Candomblé, diz que quem escolhe o novo chefe do terreiro é
o Orixá dono da casa, mas há diversas tradições, inclusive entre os terreiros
mais antigos. Com a cadeira principal vaga, abre-se quase sempre uma guerra
sucessória.
Na sucessão, é importante o critério de senioridade dos
candidatos, seu grau iniciático, seu nível de conhecimento sacerdotal. Mas isso
não é suficiente.
O resultado da escolha depende da tradição sucessória da
casa, do jogo político das facções, de pessoas e grupos que pleiteiam o trono
da Yalorixá/Babalorixa, da situação jurídica do terreiro, da sucessão civil
sobre o espólio material, isto é, a propriedade imobiliária do terreiro, da
posição assumida por possíveis herdeiros legais, que podem fazer parte ou não
do grupo de culto etc.
Tem sido assim desde que o Candomblé é Candomblé. Em alguns
terreiros, a sucessão se faz preferencialmente em linha familiar de sangue. Em
outros, a nova Mãe ou novo Pai-de-santo é escolhido entre membros da alta
hierarquia da casa, independente de laços de sangue.
Escolhido o sucessor ou sucessora que guiará os destinos do
terreiro, deve-se providenciar imediatamente, uma cadeira nova em que se
sentará o novo titular do posto mais alto da casa.
A cadeira do falecido será guardada em ambiente sagrado para
reverências eventuais, ou recolhida ao museu da casa, onde poderá ser apreciada
pelos curiosos e interessados, como ocorre no Axé Opô Afonjá de Salvador e em
outras casas tradicionais. Rei morto, rei posto. Uma nova cadeira será o centro
do novo poder."
Fonte: Júlio Braga e Reginaldo Prandi.
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